terça-feira, 6 de março de 2012

Há 13 anos...



Certos momentos na vida não têm volta, daqueles que te fazem sentir-se no caminho certo!

Trabalhava ainda como representante comercial na Marprint Gráfica e Editora, e vi o poster deste curso sendo impresso. No mesmo momento fui até o gerente de vendas conversar sobre o assunto. E ele me disse ser uma permuta, que conseguiria fácil uma vaga no curso pra mim. Bingo!

Havia começado o Curso de Formação em Fotografia na ESPM e foi perfeito... 

O J.R. Duran declarou não levar jeito para professor, mas no seu jeito impaciente e apressado, deixou claro como ele trabalha. Objetividade sem frescuras e estrelismos, domínio de luz e click.

O assunto do curso era direção de modelo e o Duran foi claro, disse:

- A modelo é sua ferramenta e você é quem manda. Não existe muita coisa a acrescentar. Caso eu peça pra ela plantar bananeira e estiver obviamente dentro do contexto, ela fará. Uma boa modelo sabe "olhar", sabe ter a postura (silueta) correta, porém o fotógrafo é que dá o click no momento certo. E isso não tenho como ensinar.

Estas duas fotografias acima, foram a fotografia final sobre estudo de luz e direção de modelo. Não vou falar sobre as técnicas, pois a intenção não é essa!

 Era uma modelo Alemã da Elite, contratada para o curso e seria a modelo da fotografia final. Cada um dos alunos teria direito a dois clicks (numa Pentax 6x7 e back polaroid) e cada um levaria as 2 polaroids pra casa, mas antes, era preciso fazer a direção da modelo. Nem que fosse mandar ela plantar bananeira.

E escolhi ser o último!

Ela só falava inglês, quase todo mundo falava inglês, menos eu! Não me preocupei, evitei pensar nisso, observei e chegou minha vez.

Lembrando que uma modelo sabe se comportar fisicamente em frente a câmera, nao tinha muito o que dizer; Mãos no cabelo? Na cintura? Não existia um layout de peça publicitária, nenhum contexto á seguir, então queria uma foto da mulher "pode detrás da modelo".

Lembro-me de ir direto ao visor, olhar a composição que o Duran havia feito e isso causou estranhamento na modelo. Todos os outros somente fizeram a direção de modelo olhando pra ela (copiando o Duran) mas aquele momento era mágico demais para não contemplar. A camera estava pronta, montada no tripé, com foco e o Duran ao lado retirando os filmes polaroids queimados. Então refazendo o foco, vejo pela objetiva a modelo exclamando um gesto de dúvida. E me sentindo um vouyer olhando no despolido, voltei ao mundo real.

Olhando pra ela, literalmente sem palavras -.loira, olhos claros, uma princesa daquelas que sonhava casar quando garoto - fiz um gesto com a mão, pedindo:

- Me olhe nos olhos...

Nesse mesmo momento como o Sol, saiu um sorriso, sem jeito, de surpresa, que avermelhou seu rosto.

A minha intenção era que ela continuasse me olhando, mas para interagir com a fotografia, ela teria que olhar pra objetiva. E retornando ao despolido em meu "vouyerismo", foi o que ela fez. Restou-me escolher o melhor momento.

Na primeira foto (direita) peguei ela ainda surpresa com meu pedido, braços perdidos, sorriso quase ainda sem jeito! Na segunda ela relaxou.

E procurando no final do curso as minhas polaroids, perdidas na mesa entre tantas outras, nem li o meu nome atrás pra ter certeza, procurava aquele momento novamente.

Um sorriso "meio meu"!



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